quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Reforma trabalhista pode ser empecilho para Lula/Alckmin


Cotado para a vice da chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) manifestou preocupação com a proposta de revogação da reforma trabalhista encampada por setores petistas. Em café da manhã nesta segunda-feira (10) com o presidente nacional do Solidariedade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), “Paulinho da Força”, Alckmin pediu informações sobre a revogação de pontos da reforma trabalhista na Espanha e quis saber a opinião das centrais sindicais sobre o tema.

Segundo Paulinho, Alckmin disse que há apreensão no mercado sobre a possibilidade de revisão da reforma trabalhista conduzida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). O ex-governador também pediu que o deputado lhe encaminhasse material sobre o assunto, como suas sugestões de emendas. Na conversa, Paulinho oficializou o convite para que Alckmin se filie ao Solidariedade, onde, segundo o presidente do partido, o ex-tucano teria total liberdade e poderia compor a chapa com Lula.

No último dia 4, Lula publicou nas redes um post afirmando ser “importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”. “Alckmin disse que está preocupado com a discussão que surge nos últimos dias sobre a revogação da reforma trabalhista”, afirmou Paulinho.

Em resposta, o ex-presidente da Força Sindical afirmou que as centrais não defendem a revogação da reforma, mas a regulamentação da possibilidade de fixação, em assembleia, do valor de contribuição sindical por categoria. Para Paulinho, deveria haver liberdade de negociação entre os sindicatos e representações patronais – o valor da contribuição seria estabelecido em assembleias. “Revogar a reforma não nos agrada, achamos que não é necessário”, afirmou.

Eleições
A percepção de interlocutores de Alckmin é a de que ele abandonou de vez a ideia de concorrer ao Governo de São Paulo e tem mirado no plano nacional, falando de questões federais, como desemprego e isolamento em relação a outros países. Ainda de acordo com Paulinho, o entendimento de Alckmin é o de que a chamada terceira via não tem chances na eleição – que deve ser decidida entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com Alckmin vice, a vitória petista poderia vir no primeiro turno na avaliação dos aliados do ex-governador.

O movimento para unir Alckmin e Lula partiu do PSB, que filiaria o ex-tucano e estuda formar uma federação com o PT na eleição de 2022. Para isso, porém, os partidos teriam que unificar candidaturas a governador em cinco estados. O cenário mais difícil é o de São Paulo, em que Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT) pleiteiam a candidatura a governador. O encontro com Paulinho sinaliza que Alckmin não depende da filiação ao PSB para compor a chapa com Lula – Solidariedade e PV também são opções, sobretudo num contexto em que as negociações entre PT e PSB estão travadas diante do impasse paulista.


 

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