Prefeitos
são pressionados a deixar o PDT
Prefeitos filiados ao PDT estão passando por um tipo de “assédio” de
outros partidos para migrar de sigla tendo em vista as eleições municipais de
2024. A informação foi dada, nessa quarta-feira (1º), pela deputada estadual
Lia Gomes (PDT), irmã e aliada do senador Cid Gomes, que lidera uma das alas do
partido. Isso ocorre em meio ao acirramento da divisão interna do PDT.Enquanto um grupo, alinhado a Cid, defende aproximação com o PT, inclusive com apoio ao governador Elmano de Freitas, a outra ala, alinhada ao presidente nacional interino do partido, deputado federal André Figueiredo, prefere se manter como oposição ao PT no Ceará. Na sexta-feira (27), a Executiva Nacional anunciou nova intervenção no diretório estadual do Ceará.
Esse “assédio” estaria ocorrendo justamente com aqueles prefeitos que integram o grupo liderados por Cid. Outros partidos estão vendo oportunidade em meio à crise do PDT, porque esses gestores municipais temem ter problemas com as candidaturas no ano que vem como retaliação da ala liderada por Figueiredo.
Como assumem os cargos por eleições majoritárias, os prefeitos não precisam aguardar a chamada janela partidária para mudar de partido, podendo fazer isso mais facilmente. O PDT tem 57 prefeitos, sendo 50 alinhados ao senador. Ao todo, são cerca de 30% dos gestores dos municípios cearenses.
De acordo com Lia Gomes, os prefeitos estão predispostos a esse “assédio” devido à situação de instabilidade dentro do partido. “O PDT tem o maior número de prefeitos. Então, os partidos querem pegar esses prefeitos. Há [no PDT] uma situação de instabilidade onde não se respeita os trâmites, os estatutos, as leis, a democracia, a vontade da maioria.”
Resolução
Com a intervenção anunciada pela Executiva Nacional e o agravamento da divisão no PDT Ceará, cogita-se a saída de Cid Gomes do partido, levando com ele todos os aliados. De acordo com o deputado estadual Marcos Sobreira (PDT), essa possibilidade aumentou após a última reunião do PDT Nacional, que determinou a intervenção no Ceará. “Depois dessa reunião de sexta-feira, os termos passaram a ser outros. As perspectivas de realmente o time inteiro deixar o PDT ganhou grande probabilidade. Acho que não há mais clima, há um sentimento claro de divisão. A convivência hoje está praticamente impossível”, disse.
Porém, no mesmo dia em que foi anunciada a intervenção no Ceará, André Figueiredo assinou resolução instituindo “normas de fidelidade partidária aos seus dirigentes e detentores de mandatos”. Na prática, novas regras determinam que eventuais cartas de anuência para desfiliação sem perda de mandato somente terão validade e eficácia se passarem obrigatoriamente pelo crivo da Executiva Nacional.
A medida atinge aqueles eleitos por voto proporcional, como deputados estaduais, federais e vereadores. No caso dos parlamentares, eles precisam aguardar a chamada janela partidária para poder mudar de partido sem perder o mandato, salvo situações específicas.
Reunião
Como a intervenção ainda não foi oficializada, Cid permanece como o presidente estadual. O senador convocou reunião extraordinária para a próxima quinta-feira (9) na qual será discutido o futuro do grupo político liderado por ele, incluindo a reação à notícia da intervenção e a possível saída coletiva do partido.
Segundo Lia Gomes, a maior urgência é o caso dos prefeitos, que devem ser ouvidos na reunião. “Os partidos estão se esgotando. Muita gente já está se filiando e a gente vai ficando sem alternativas”, disse.
Ela acredita que a disputa judicial entre os dois grupos deve persistir. “Enquanto a lei está do nosso lado, eu acredito que nós vamos continuar brigando nas instâncias da Justiça, mas a gente não sabe que decisão abusiva eles vão tomar e até quando. Tudo isso são coisas que ainda podem mudar.”
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