Relator
afirma ter votos para aprovar Reforma Tributária
“Nós acreditamos que temos votos para aprovar,
tanto na Comissão quanto no plenário”, diz o relator do projeto no Senado, sem
revelar a contabilidade dos votos. Uma Proposta de Emenda à Constituição
(PEC))exige maioria simples na CCJ e o apoio de ao menos 49 dos 81 senadores
para ser aprovada no plenário, em dois turnos de votação.
Segundo Braga, o parecer dele contemplando parte
das demandas de senadores contribuiu para criar clima favorável à Reforma, que
está empacada no Congresso há cerca de 40 anos. O trabalho, porém, também teve
caráter de “contenção de danos” para evitar que demasiadas exceções acabassem
desfigurando a proposta por completo.
O senador ainda defende a trava para o aumento
da carga tributária como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), uma das
inovações incorporadas no relatório. “Se o [crescimento do] PIB for zero,
amigo, vai ter que cortar gasto, porque não vai poder esticar a corda em cima
do contribuinte.”
Em relação ao que os demais senadores estão
pensando sobre o parecer e se ainda há espaço para novas flexibilizações, o
relator declara que o retorno tem sido positivo, o que é avaliado pela
quantidade de emendas complementares, que são bem menores do que aquelas
apresentadas na fase inicial. “Isso demonstra o grau de acolhimento do
relatório. Vamos trabalhar muito ainda até a reunião da CCJ, na terça-feira
(7). A expectativa é a de termos uma aprovação expressiva na CCJ. E a ideia é,
no dia 8, deliberar no plenário em primeiro turno. No dia 9, em segundo turno.”
Sobre a existência de pressão por determinados
grupos, Eduardo Braga diz que “a gente vai sentir isso pelo número de destaques
[pedidos de votação em separado de mudanças ou emendas] apresentados na CCJ.
Até lá é articulação. É uma Reforma Tributária que estava represada por quatro
décadas e que altera profundamente o sistema. É natural que haja, portanto,
essa acomodação do sistema produtivo. Agora, nós procuramos ser bastante
criteriosos e métricos nessa questão”.
Entre os exemplos, ele citou o caso do
saneamento, cujo texto que passou na Câmara dos Deputados “podia causar grande
contencioso jurídico e, ao mesmo tempo, praticamente inviabilizar o Marco do
Saneamento. Não nivelamos o saneamento ao conceito que muitos queriam, de saúde
pública. Não demos os 60% de redução [da alíquota] porque, com o volume de
créditos, eles poderiam ter carga tributária negativa. Nós equilibramos:
desoneramos bens de capital e, ao mesmo tempo, colocamos o saneamento no regime
diferenciado.”
Já no caso do transporte, o parecer manteve a
alíquota diferenciada e a opção até de alíquota zero para o sistema de
transporte coletivo urbano, semiurbano e metropolitano. Além disso, levou para
o regime diferenciado todos os outros modais. “Economizamos dinheiro. E, ao
colocar o regime diferenciado no transporte aéreo, que não estava contemplado,
nós não demos o exagero [da alíquota reduzida], que poderia dar crédito
excessivo às companhias aéreas, mas demos o equilíbrio econômico-financeiro
para o setor.”
Ele citou um terceiro exemplo: a alíquota zero
na cesta básica do enfrentamento da fome e a criação de cesta estendida com
alíquota reduzida e cashback. “A questão do setor elétrico. Ao invés de
estabelecer alíquota diferenciada ou regime diferenciado, beneficiamos
diretamente o consumidor pessoa física [com cashback obrigatório]. A pessoa
jurídica vai se creditar [do imposto pago], então não precisa de benefício”,
afirma.
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