Governo Lula pede para acelerar lei que dá mais poder a comando das PMs
O Ministério da
Justiça e Segurança Pública pediu prioridade do Congresso para o projeto da Lei
Orgânica das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, que
reorganiza normas para todo o país. O texto em discussão dá mais poder aos
chefes das PMs, mas é criticado por especialistas.
O que propõe a
lei
As PMs são
órgãos de responsabilidade do governo de cada estado. A proposta da Lei
Orgânica, que tramita no Congresso desde 2001, visa criar uma legislação
nacional atualizada de normas, efetivos e procedimentos gerais para todas as
polícias militares do país
Na última
semana, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, encaminhou
ofício ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com um pedido de
atenção às propostas que são "prioridade" para o ministério. A Lei
Orgânica é uma delas.
O texto foi
aprovado na Comissão de Segurança do Senado e, atualmente, está na Comissão de
Constituição e Justiça, aguardando o início dos debates. O relator é o senador
Fabiano Contarato (PT), que era delegado da Polícia Civil. Ele foi procurado
pela reportagem, mas não respondeu
Qual o
problema?
Especialistas
em segurança pública ouvidos pelo UOL dizem que a lei foi pouco debatida.
Segundo eles, da forma como está, reforça a estrutura vigente das polícias,
abre margem para diferentes interpretações e pode empoderar as polícias
militares
Um dos pontos
controversos da Lei Orgânica é a possibilidade de fortalecimento dos
comandantes das PMs. No artigo 29 da lei, o texto abre interpretação para que
os comandantes-gerais respondam diretamente ao governador sobre a administração
da instituição, enfraquecendo a função do secretário da Segurança Pública
Ainda segundo
os técnicos, o texto também decide sobre a forma da nomeação do comandante, um
critério que tira dos estados a possibilidade de ter outro método de escolha
que não uma decisão unilateral do governador.
Outro trecho do
PL (parágrafo 6º do artigo 15) estabelece um piso de 20% das vagas de concursos
públicos para mulheres. Mas, para os especialistas, a redação do texto abre
margem para que o mínimo para mulheres vire um teto. Dessa forma, os estados
separariam 20% das vagas para mulheres e 80% para os homens. Na área da saúde,
por exemplo, mulheres podem concorrer à totalidade das vagas.
O Fórum
Brasileiro de Segurança Pública levantou outros pontos questionáveis que
reforçam o vínculo das polícias militares com as Forças Armadas. Há
possibilidade desses e outros pontos serem revistos durante a tramitação do
texto no Senado
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